Serena é a Madrugada Fria

Que fazes, meu amigo?

Interpelas a parede dura à tua frente?

(...)

Calma que a porta há de vir

Para abrir o caminho que hoje julgas vão

Serena é a madrugada fria

(Caham...)

Sente o orvalho frio e te lava

Só não te geles o espírito,

Que a ansiedade é trabalho de tempo integral

Tudo está verde?

Diz-me o cheiro da comida crua

Tudo está verde

Por isso adia tu a colheita, ora nua

Pedra fria como a noite

Mas seca, sem vida

Nada renova, nada pinta

Em quadro de nova lida

Labuta de que precisas para te secar

Do banho renovador de gelo do norte

Que se degela a caminho do sul

Rumo a teu destino febril

Que cozinha toda a carne podre de teu coração

Revelando todo o solo fértil...

Levanta e chora

(...)

Senta e canta

(...)

Aí deita e ouve

(...)

Daí escreve a nota em tom maior

A que vai retumbar na parede dura

Refletida de tuas entranhas

Que outrora foram tuas, mas

Agora rígidas no horizonte

Pronto a ser derrubado o muro

Com teu garbo gentil

O que vais aprender sem sentir

Pois o sentido é conhecido da distração

Então põe teu velho casaco

Surrado, pela noite afora

E adentra o gelo derretido

Que desvela o horizonte irmão