Nosso pobre mundo admirável

E o esplendoroso e admirável mundo dos olhos meus?
E a vastidão tragicamente vilipendiada, meu Deus?
O que fazer depois de tanta tristeza que se passa agora,
Se, somos nós mesmos que o machucamos a toda hora?
Não sei se ainda dá tempo de consertar tudo que é preciso,
Nem se vai dar para nossos filhos viverem no impreciso
Urge acharmos uma solução para o nosso lar tão amável... 
Pois um dia, entenderemos que o tornamos imprestável.
E como viver nestas lindas plagas, felizes, impunemente,
Se ao que parece, esperamos ser um povo sempre recorrente.
A vida, esse manso lago azul de que falamos outras vezes,
Não vai ser tão azul, nem vai dar conta de tantos reveses!
Vão querer saber sobre o mundo, as futuras gerações,
Vão pesquisar sobre ele, vão querer muitas explicações.
E nós, do nosso tempo, para eles das gerações passadas,
Vamos ter que escrever agora e explicar a sua terra ultrajada.
Vamos dizer o porquê da herança de uma canoa avariada.
Eles terão que saber que isso já vem de tempos remotos,
Que o descuido causou muitos furações e grandes terremotos,
Que não dá para viver em paz, com guerra ali do outro lado
E que infelizmente o mundo assiste a tanta infâmia, calado.