Rssurreição
RESSURREIÇÃO
Na florescência da vida, qual do dia a madrugada,
Estendendo o sol nascente do cerro na cumeada,
Rompe a luz na treva ingente, canta e voa a passarada...
A brisa fresca balança no arvoredo a ramada...
Tudo vibra na esperança...Tudo fulge em mocidade...
Nossa existência é florida na primavera encantada!
Após esplêndida aurora que, da vida, é o começo,
O sol quente revigora a esperança... Enterneço...
A chama leve e dolente toma vulto e aparece,
Transformando em amor ardente o que no peito nos cresce.
Somos tudo: a vida, o mundo, somos toda a realidade...
Mas, sentimos que, no fundo, não passamos de metade...
O nosso dia vai alto, as nossas flores colhemos:
Vermelhas, róseas, branquinhas, lilases, amarelinhas,
Azuis e roxas, também... As que enfeitam e as que perfumam,
Embora juntas se arrumem as que nos ferem também...
Choramos, rimos... Vivemos... Tudo na vida fenece...
A tarde chega de assalto, o sol se põe... Anoitece!
Houve o começo!... Há o fim!... Soberbo como no início!
As aves voam e cantam de volta para os seus ninhos...
Ficam vazios os caminhos na suavidade da noite.
Na quietude, em princípio, não há nada que se afoite!
As almas rompendo o véu das existências assim,
São aves que aqui se soltam e voam de encontro ao céu!
Quais meteoros pequenos nos desprendemos, ateus...
Porém, um dia volvemos aos braços ternos de Deus!
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L. Stella Mello