(foto Tereza Kleovoulano)

O Palhaço sem Circo



Recolheram as lonas;

desaterraram as vigas;

desbotaram as cores que torneavam o cartaz;

recolheram os bichos os devolvendo aos seus nichos;

entortaram os arames de aço onde teimava o passo audaz;

os trapézios esquecidos aflitos, trapezistas alados sem poder voar;

domador sem fera que não domou a mazela de não poder atuar;

picadeiros removidos,retorcidos, escondidos;

nem o mágico tornou com feitiço, visível a pláteia com gargalhadas no ar;

cheiro esquecido de pipoca com riso;

a maçã do amor já não adoça sem encontrar paladar;

a mulher de barba já se acompanha da navalha para se disfarçar;

o homem bala já não embala nenhum qualquer espantar;

destino malabarista que teimou em tropeçar;

os cachorros não mais saltitam demonstrando voraz treinar;

E o ser que crê que o riso nos liberta do tão vil penar, não desiste do desígnio de buscar o contentar, pueris sorrisos já vistos o impelem a continuar, no lúdico mundo bonito, o seu salutar lugar, mesmo sem circo erguido não mais sairá de lá, em meio ao mais curtido dom de dissimular,dom que esconde o pranto ao pretexto de outrem alegrar.





Minha singela ode aos palhaços protagonistas dos nossos mais pueris sonhares,salve!



O Poeta do Deserto (Felipe Padilha de Freitas)
Enviado por O Poeta do Deserto (Felipe Padilha de Freitas) em 28/08/2010
Reeditado em 10/12/2012
Código do texto: T2463952
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