Na Poesia...

Na poesia,

sou camaleão,

ave em zênite,

vento norte,

onde vento eu...

Na poesia,

me escondo,

sou menino ingênuo,

draga de rio profundo,

redescobridor de mundos

lápis pequeno...

Na poesia,

disfarço e refaço

minha força de ser,

trago e abraço com força,

essa louca vontade

de viver...

Na poesia,

sou verbo conjugado

sou eu meio de lado

querendo ver o meu reflexo

no espelho...

Na poesia,

sou envergonhado,

ator desinibido

quase perdido

no roteiro de viver...

Na poesia,

sou eu também de joelhos,

implorando a Deus,

pedindo perdão

de rosto vermelho...

Na poesia,

busco ser perdoado,

envio sinais entrelhinhados,

na esperança de indulgência

de meus erros

sempre lembrados...

Na poesia,

me esqueço muitas vezes

que sou imperfeito,

tento fazer direito

nisto, pouco sou lembrado...

Na poesia,

reforço o meu esconderijo

sinto-me mais seguro,

na pintura ou na música,

consigo ressurgir do escuro...

Na poesia,

posso romper as muralhas,

driblar correntezas navalhas,

e esquivar-me

de funestas incertezas...

Na poesia,

quero ter muita esperança,

colorindo os sonhos meus,

olhar confiante de criança,

assegurando o nosso mundo,

entre os bondosos dedos de Deus....