O QUE ELE ESCREVIA NA AREIA
“...Depois de procelosa tempestade
Soturna sorte e cintilante vento
Trás a manhã serena claridade
Esperança de porto e solamento...”
Camões
O QUE ELE ESCREVIA NA AREIA...
Sinto claramente o ardor da abstinência do passado
Deitado em uma solidão que me foi necessária
O peso não poderia ser maior do que o fardo
Para alguém que sempre procurou a direção contrária
Peça por peça vejo meu corpo real e não mais o imaginário
Que deixei em bulas ao descobrir que minha personalidade não está em uma farmácia
Não fujo do que vejo mesmo não sendo meu ideário
Ausentando-me de todas as verdadeiras falácias
Aliado fiel e verdadeiro
Nas buscas que eu mesmo terei que percorrer
Nada mais compro por dinheiro
Sequer um pouco de prazer
Disto tudo sinto a falta de você, que não sei quem é
Alguém que esteja sempre ao meu lado
Disposta a pagar por algo que nunca viu
Mesmo assim me sinto conformado
Visões que antecipam o próprio Verbo
Dissonante em constante sinergia
A sensibilidade me torna insensível
De onde vejo a minha alegria
Ele foi capaz de dar perdão a prostituta
Enquanto desenhava seus próprios “erros”
Perdoará também minha ocre conduta
Desse prato sem tempero
Sempre precisei de companhia
Mesmo percebendo que tudo que necessitava estava dentro de mim mesmo
De Sua força vejo que me tornei não mais matéria e sim energia
Energia universal, fluídica, cósmica e direcionada...não mais a esmo
E que nas areias daquela praia falhas em pronomes
Ele dentre outras coisas, desenhava meu nome.
Sérgio Ildefonso 26.04.2004
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