É claro que eu quero a vida!
É claro que eu quero a vida.
Por que razão haveria de não querê-la?
É certo que minha boca está cerrada,
e dela não brota uma palavra sequer
de altivez palpável;
Mas o meu coração é audaz,
e minha alma é viva e tem fome,
sede,
ânsia,
temor e desejo de vida.
Vida...
Meu espírito é errante
e sonhador; Sonha além...
Que importam as querelas?
as trancas,
as tramelas?
No fim das contas, tudo é poeira...
A vida é um movimento contínuo
na gangorra dos sentimentos:
Hora o amor, hora o horror.
A vida, enfim, é a flor enigmática
colossal e tênue...
Não há quem possa atingir o cume
de seus encantamentos,
nem tocar a fundura de suas dores,
nem acalmar a selvageria de sua
natureza.
Seja agulhada e sofrida,
desalmada ou de incerteza,
eu quero da vida a vida,
eu quero a vida com certeza...