Quero

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Quero

Quero morder minha realidade!

Despir-me do leito da maldade,

encontrando, dentro de mim,

outro completo e ardente ser.

Quero lamber meu podre colo!

Fugir do medíocre e fino protocolo,

quebrando todas as regras, sim,

construindo meu doce fenecer.

Quero proteger a fêmea casta,

abrindo-a como carta de canastra...

deflorando-lhe a pureza até o fim.

Sendo corpo, quero não ter fim.

Quero morrer, morrer sem pressa!

Não pela vida – ela até que presta.

Renascendo, sendo retrospecto e fim,

reencontro-me em desejo ardente.

Quero querer qualquer coisa...

Quero merecer fase qualquer da penitência.

Perdoando, quero perdoar-me e, do jardim,

resgatar a pureza arrancada pela mordida.

Nijair Araújo Pinto

Crato-CE, 3 de agosto de 2010.

17h57min

Nijair Araújo Pinto
Enviado por Nijair Araújo Pinto em 03/08/2010
Reeditado em 23/09/2021
Código do texto: T2416334
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