Os olhos chorosos de tua mãe!!!

Acordas

Não tenhas receio do dia

Tu choras embora

Não pertenças a qualquer

Queixosa união

E a tua chama

Ou do teu olho aceso

E de tua insônia

Rebocas a por do sol

Com o mesmo cuidado

De quem transporta

Um barril de ilusões

No paiol do quarto

E nas noites dos gatos

E a dor alheia doendo em ti

Acordas sempre

Saindo deste mundo hostil

Lá, naquele recanto, que escolhestes

não vives apontando ruas e escolas

não driblas o alambrado e as redes

não corres atrás dos pássaros e dos viveiros

És justamente como a tela de um alfobre

Onde te fazes prisioneiro... e por quê?

Dou garantia do que te falo

Se te libertas, és um mágico de ti

A liberar muitos avestruzes

Muitos versos e muitas poesias

E o teu é nome Luís

Rian para os afiados

Dar-te-ão tratos aos caramelos

E fitar-te-ão fora dos gramados...

Não escrevas porque não sabes

Nem garatujas e nem rabiscos

Mas manténs o broto aberto

Para poder infiltrar-te,

ir mais além, além...

E externar o teu inverso

Pois dentro dou teu Eu autístico

Podes transpor até a mais,

muito mais e mais...

a recôndita medula do teu coração

E enxugar os olhos chorosos de tua Mãe!!!

Silvania Mendonça
Enviado por Silvania Mendonça em 01/08/2010
Reeditado em 01/08/2010
Código do texto: T2411867
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