Os olhos chorosos de tua mãe!!!
Acordas
Não tenhas receio do dia
Tu choras embora
Não pertenças a qualquer
Queixosa união
E a tua chama
Ou do teu olho aceso
E de tua insônia
Rebocas a por do sol
Com o mesmo cuidado
De quem transporta
Um barril de ilusões
No paiol do quarto
E nas noites dos gatos
E a dor alheia doendo em ti
Acordas sempre
Saindo deste mundo hostil
Lá, naquele recanto, que escolhestes
não vives apontando ruas e escolas
não driblas o alambrado e as redes
não corres atrás dos pássaros e dos viveiros
És justamente como a tela de um alfobre
Onde te fazes prisioneiro... e por quê?
Dou garantia do que te falo
Se te libertas, és um mágico de ti
A liberar muitos avestruzes
Muitos versos e muitas poesias
E o teu é nome Luís
Rian para os afiados
Dar-te-ão tratos aos caramelos
E fitar-te-ão fora dos gramados...
Não escrevas porque não sabes
Nem garatujas e nem rabiscos
Mas manténs o broto aberto
Para poder infiltrar-te,
ir mais além, além...
E externar o teu inverso
Pois dentro dou teu Eu autístico
Podes transpor até a mais,
muito mais e mais...
a recôndita medula do teu coração
E enxugar os olhos chorosos de tua Mãe!!!