Antítese

Queria eu que você fosse minha.

Queria eu voltar a ser um galinha.

Queria eu, de ti, não morrer de saudade.

Queria eu, por aí, deflorar virgens sem dó nem piedade.

Queria eu não pensar só em você.

Queria eu entrar no prostíbulo pra foder.

Queria eu que partilhássemos reciprocidade.

Queria eu ser o maior comedor desta cidade.

Queria eu, perto de você, não ficar inerte.

Queria eu, voltar a ser, uma máquina de flerte.

Queria eu, que minha poesia, pra você, não fosse vã.

Queria eu, que promiscuidade e poligamia, fossem meu afã.

Queria eu, não ficar de canto nas festas.

Queria eu, voltar a ser aquele que não presta.

Queria eu, acordar e sentir você me amando.

Queria eu, na desilusão da solitude, não ficar sonhando.

Queria eu, ter com você, um enlace eterno.

Queria eu, sem você, não me sentir no próprio inferno.

Queria eu poder, andar com você, de mãos dadas.

Queria eu poder, voltar a ter, autonomia em minhas ciladas.

Queria eu não ser, por seu inconsciente, dominado.

Queria eu, voltar a ser, um canalha degenerado.

Queria eu, aproveitar a força em mim, que de você provém.

Queria eu, sem você, não ouvir o meu próprio réquiem.

Queria eu, pretensioso, ser seu primeiro pensamento.

Queria eu, ansioso, não me chafurdar em desalento.

Queria eu, com você, ser mais incisivo.

Queria eu, sem você, ficar menos indeciso.

Queria eu, ter você aqui comigo, agora, sempre tão linda.

Queria eu, quando o assunto é você, poder extinguir a palavra “ainda”.

Queria eu, com você, materializar a minha sorte.

Queria eu, sem você, não só pensar na minha própria morte.

Rafael Abreu - 13/07/2010, 10:15hs

Rafael P Abreu
Enviado por Rafael P Abreu em 13/07/2010
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