Cotidiano

No dia de hoje houve versos e falhas

Prosas mal postas, dispostas ao desentendimento

Corri na direção oposta, puro recolhimento

Não quis fazer verso ou prosa

E coloquei no papel um breve lamento

No dia de ontem apenas o telefone tocou

E estava do outro lado da linha, sem entrelinhas

Alguém que ninguém nunca imaginou

Uma voz cega e surda, coroada de mágoas e de erros que não cometeu

E ficou pelo ar, algo da vida que alguém aprendeu

E anteontem ainda, no ônibus sorri pelo sol

Pensei que era dia de contra, mas era dia de prol

Apenas menti, sem saber onde ir

Ainda dormindo por baixo do lençol

Mas sei que era certo, e o que julgava perfeito

Derramando a verdade escrita num rol

E amanhã, juro, vou levantar a moral

Promete, vê se me lembra, de dizer: - Bom dia!

Será outro dia, e alegria virá, coisa e tal...

E o que era incerto estará desperto

Talvez se torne perfeito nesses dias sem sal

Escrito em 24 de abril de 1992.

JANA CRAVO
Enviado por JANA CRAVO em 26/06/2010
Código do texto: T2342216
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