BEIJA-FLOR AUTISTA
Trovões estremecem o tempo do autismo
É hora de ressurgir e voar aos quatros ventos
Beija-flor aflito que procura as rosas e diversas flores
que abre frestas e pétalas na imaginação
No celeiro do amor melodia
nas minas do outro espiritual
Beija-flor autista pensa e reflexiona:
“Por que as crianças são autistas?
Por que são como passarinhos alados?
Por que são todos os seres especiais?
Como explicar esse desapego,
Que não determina o nosso voo?
Que apenas nasce a cada dia de novas estereotipias?”
“Eu, que sou pequenino, mas tenho muito a contornar
Seria como oferecer às flores o néctar do orvalho
Que continuam paradas, no jardim, sem cortar seu sulgo.
E volto a trinar minhas asas para todos dormir
Procuro as casas de flores e rosas
quando os meus ombros e braços não nos
tocam, as palavras nos acariciam,
e as flores nos perfumam memórias...
e beijo as flores, beija-flores
Mas confesso neste arauto de rosas
Eu sou o tema de uma sugestão
um beija-flor autista que
sempre olhei a vida como um canto
silencioso, expressivo, calado
encantado e misterioso
como o cheiro das flores no sopro de poesia.
No jardim da minha alma,
encontrei feito pétala da metáfora
em flor autista, em rosa especial
Multicores e amores
De uma síndrome celestial”
Assim cantou o beija-flor autista
Quando se perde um bardo e um trovador,
Seus pensamentos ressurgem,
Suas idéias ultrapassam barreiras,
E seus conhecimentos, se necessários,
ganham o mundo.
Às vezes, nós artistas, beija-flores autistas
somos confundidos com estranhos sentimentos.
Que a alma não divulga ou expõe.
Flagra somente o nosso íntimo na intimidade.
Mas não revelam segredos.
Guardados entre paredes das flores ocultas
Dos aromas e fragrâncias do autismo velado.
Emoções que não propagam e não se alastram
Nas veredas autísticas de nós beija-flores...