O BARQUINHO DE PAPEL
Lentamente, o barquinho
foi se afastando da margem
e o rio, misterioso, assumiu o seu destino
dizendo simplesmente que já era muito tarde.
No deixar-se ir ficou o gosto amargo
de quem chora por uma presença querida.
Tão puro quanto a mais simples gota de orvalho
o barquinho partiu feliz da vida.
Do alto, alguém com olhos brilhantes
contemplou-o de modo impassível e confiante.
As nuvens teimosas e mirabolantes
abriram os braços para receber ao vento itinerante.
O menino, curioso,
viu o seu barquinho de papel se afastar.
Teve vontade de tomá-lo do rio silencioso
mas decidiu deixá-lo ir e retornar para casa.