Eis o momento

Fica na terra a espera,

Que a chuva venha encobrir,

As mágoas que a dor seca faz.

Pelo encontro a prece,

A reza que o vento leva

O rogo que a boca grita.

Fica no céu a palavra,

Que lança, domina o desejo,

Desprendendo a procela ao único beijo,

Ao abraço que o fruto pede,

O afago que a mão nunca nega.

Fica no homem o gosto d’água

Do trabalho feito, recolhido.

Eis o encontro, a benção Divina,

Que cura, machuca, fere, colhe.

Eis a terra molhada

A semente brota disfarçada,

Tímida, calada, moça virgem,

Ao encontro da mão que deflora,

Do alimento que renova,

Ao remédio que cura.

Tudo para no momento do encontro,

Frente a frente ao pudor,

Ruborizado pelo pedido.

Eis a transa, aquela que cria,

A passagem que enfeitiça,

A janela aberta da fé,

Do olhar pelo olhar, da mão pela mão,

Do trabalho pela vida,

Da vida ao encontro.