Idealismo

Quero raios para a liberdade,

Brilho nos olhos a semente nascida.

Quero paz na noite sem festas,

Ao repouso cobiçado,

O desejo quase negado.

Quero colher à palavra,

Sorver cada vocábulo,

Calado no beijo que chega,

Vem-se de longe... Tem cansaço,

Se de perto, fica o aperto,

O encontro, o acerto,

Liberdade para o abraço.

Quero absoluta, crua,

Sem vestes, nua,

Na liberdade sem preconceitos

Sem pedir, nem entender defeitos,

Preciso assim da noite despida,

Pronta, junto à janela dos meus olhos.

Então este tempo de saudade,

A viagem feita

Na nuvem ligeira

Descerá em garoa miúda,

Na absorção da terra mãe,

Restarão, apenas, vapores,

Fumaça de dor que foi

Cortina de felicidade deste pesadelo,

Que veio sem súplicas

E seguiu quando a noite eletrizou os sonhos,

Na liberdade de tanta espera

Os raios e o brilho nos olhos

No momento que a flor foi colhida.