BRISA
As folhas da minha poesia,
num repentino esvoaçar,
foram surrupiadas pela brisa
que assobiava na madrugada.
E lá se foram elas impassíveis,
levadas por esse sopro suave
decerto a outros portos sonhadores,
cavalgando o espaço sereno,
rodopiando como papel picado.
Do meu coração ao rabisco,
da alma aos contornos traçados,
poema enveredando sem rumo
carente de singeleza e deslumbre
porém na sua simplicidade sonhava
e pincelava fantasias cândidas.
Aonde irão esses instantes poéticos,
em que lugar aportarão cansados
de voar? Deleitarão quem os cantar
ou serão ignorados pelos olhos
endurecidos dos insensíveis?
Quem os encontrar nessas folhas
dispersas, por favor pendure-os
nos bicos dos beija-flores
e nas asas multicores das borboletas.
Meu coração espera reencontrá-los
nalgum eco do tempo apenas
para um breve êxtase.