Balada da mais pura dor
Balada da mais pura Dor
E chegou o dia em que me vi sangrando por dentro e por fora.
Meu corpo frágil se consumia numa dor alucinante.
De dia, o sol se escondia em meio a escuridão de minhas lágrimas.
Eu suplicava por alento, mais nada me livrava de tanto sofrimento.
Minha alma se perdia nas entranhas da mais pura tristeza.
Eu me via sem rumo, sem chão, sem vida; na mais obscura solidão.
Não havia luz, e se haviam, meus olhos não conseguiam vê-las.
Eu tentava caminhar , mas cada passo que dava, me pesava.
Minhas costas magras jaziam envergadas num canto de um chão sujo qualquer.
Minha boca seca clamava por comida, mas quando o grude vinha, eu não conseguia engolir.
Eu tentava me apegar em algo, em alguma pessoa; mas era em vão, todos haviam me abandonado.
E então, eu chorava, sim eu chorava feito um bebê pedindo colo.
Ah, como eu chorava!
Eu chorei tanto, que em certo momento minhas lágrimas secaram e então eu conheci o inferno: o inferno de não mais conseguir expressar minha dor.
Tentei ter fé, mais a tal da fé era grande demais, exigia demais de minha alma moribunda.
Eu, então, desisti de caminhar e me deitei no piso sujo esperando a morte chegar.
Mas, o piso estava duro demais.
E a dureza do piso me fez levantar, e ao levantar me cansei, e ao me cansar, eu sentei.
E quando eu sentei, eu esperei e quanto mais esperava, mais eu me acalmava, mais eu descansava.
Eu passei a respirar melhor e então minhas forças vieram novamente e eu finalmente me levantei e ao me levantar, eu caminhei e ao caminhar, eu vi.
Sim, eu vi todas as outras cores do mundo, vi gente, vi flores, vi pássaros.
E assim ao olhar para o mundo, para além de minha dor, eu fui aos poucos esquecendo e me permitindo dar uma nova chance: uma chance para mim, para minha vida.
Uma chance para as boas coisas do mundo.