Travessia
peixe na areia
árvore no ar
tesouro sem mapa
sem o sal do Tenebroso Mar
desnaturada
arremessada à intempérie
no deserto
e
s
e
n
r
a
i
z
a
d
a e s t r a n g e i r a
d o l a r
presente envenenado
após longa noite proibida
permissão pudera
o que séculos de classes renegadoras
que vizinha voraz
que paisano ditador
pode o que não pôde
em trinta anos tão só
‘Normalización’
peixe sem sal
árvore na areia
tesouro sem lar
a liberdade emprestada
na boca de dentes doentes
na raiz
envenenada
o voraz predador
na noite espreitando rondando
no Tenebroso Mar
a língua estava
l s
á i
g d l
r e ê n
i n o
m c s
a i
s o o c e a n o s d
o
s
i
l
ê
n
c
i
o
Tu
q
u
e
a t r a v e s s a s te a b i s m o s d e t e m p o
pra n o s e n c o n t r a r m o s
A Isabel Rei Sanmartim
poeta galega
lutadora da língua
cúmplice
amiga