Quem dera...

Ah, alma, pode ser que você chegue às margens do pior
antes de ser libertada e, em uma síncope não voltes mais,
... Quem dera dominar o tempo e as estações!
contar meus dias, mudar de pele, dominar minhas emoções.
 
Quem dera poder voltar atrás, fazer outras escolhas, consertar
meus erros, eu escolheria não amar mais. Não é o amor que me
assusta e, sim, as conseqüências do amar desesperadamente...
Um amor plenamente possível morre, inconseqüentemente.
 
Não posso dizer que haja chance, ou que a vida faz sentido,
pois o fardo do sofrimento parece uma pedra pendurada
em meu pescoço, é ela que faz o peso necessário para conservar
no fundo o meu querer...talvez assim nunca mais me faça sofrer. 
 
Na tempestade vi o quanto era frágil minha embarcação,
observei a Águia quando rasgava as alturas e não se inquietava
a respeito de atravessar o rio, enquanto que, o só  imaginar, dentro
de mim desfalece o coração... Esvazio-me nesta triste e fria canção.
 
Descubro que nada é em vão, mas que tudo é propicio a mim,
o sofrimento me põe à parte na vida como um decreto de morte,
ausente de tudo que me faz bem, abatida, me entrego resignada,
esperando as palavras certas para, enfim, ser libertada.