Exortação...

Sofre, mas não declines da confiança

que, sereno, puseste no futuro!

Se és bom, tens o caminho mais seguro:

o bem é uma subida que não cansa.

Prepara-te para os momentos difíceis

Que a cegueira se avista nos ardis do horizonte

Onde a disputa do poder tanto confronta

Faz valer a ternura que a tudo consola

Sofre, que o sofrimento é uma esperança

em quem deseja revelar-se puro.

- Que fora o claro se não fora o escuro?

Sem sofrimento, a glória não se alcança.

No mar irrequieto e revolto das dualidades

Busca serena à tua real e sólida completude

Que una os homens na maior fraternidade

E faça-os compreender que somos efêmeros

Não te assustem pedradas. Olha o mundo

com os olhos virgens dos relances da ira.

Vê que o solo, ferido, é mais fecundo.

Plante nele a semente viril da sabedoria

E regue-o com o sutil calor do teu afeto

Para que a nossa espécie vença o desalento

E se tens na alma o Céu, por que temê-las?

As pedras que o homem contra Deus atira,

ao contato do Céu, tornam-se estrelas!

AMÉM!

Dueto: Luiz Carlos da Fonseca e Hildebrando Menezes

Nota: O nobre poeta que me perdoe, mas não resisti a aprisionar-me a um dueto... Inspirado na postagem original ‘O poeta foi preso’de Jorge Cortás Sader Filho

http://muraldosescritores.ning.com/profiles/blogs/o-poeta-foi-preso

Comentário de Silvia Mendonça

LUIZ CARLOS DA FONSECA (1880-1932). Nascido e falecido no Rio de Janeiro. Engenheiro, exerceu funções de relevo na Estrada de Ferro Central do Brasil. Começou a aparecer no meio literário como conferencista e prosador. Escreveu inúmeras páginas poéticas, que Alberto de Oliveira classificou de "análises do sentimento das coisas, divagações filosóficas, intimidades, afeições domésticas". Seus versos foram lidos, por Augusto de Lima, em 1917, na Academia Brasileira de Letras, na qual ingressou pouco mais tarde. em 1920, publicou seu primeiro livro, Colunas, bastante para revelar um grande poeta. Vieram depois outros que o consagraram definitivamente: O Mendigo (conferencia), Encruzilhada, Astros e Abismos, Rosal de Ritmos, ente outros. O poema Exortação é o de número 47 do livro Rosal de Ritmos. Parabéns Hilde, por duetar com um dos maiores escritores e poetas da antologia brasileira - e que poucos conhecem. Namastê! Beijos da Silvia

Navegando Amor
Enviado por Navegando Amor em 26/04/2010
Reeditado em 26/04/2010
Código do texto: T2220351