Degrau póstumo

São os ares da mudança,

Soprando um sussurro

Que põe em chama meus cabelos,

E fazem num momento

A ebulição da massa cinzenta.

É o velho,

Experiente na decrepitude das coisas

Que agarra meu braço e

Aperta querendo o moer

Querendo que eu fique,

Querendo me aleijar e largar a preguiça.

É o velho,

Que vai embora com dores de derrota,

Com a garganta seca

Rasgada e rouca,

Cochichando pragas

E me presenteando maldições.

É o velho,

Maldito velho,

Sumindo na poeira desfeita,

Nos defeitos do passado.

Desaguando no vazio

Pra me deixar sozinho.

Com a metade que me faz,

Sentir vivo.