QUANDO VENS?

Se vieres nas manhãs

(se puderes que assim venhas)

Deixa as tuas coisas vãs

Teus afãs e tuas senhas.

Põe aquele teu vestido

Tu bem sabes – são vaidades!

Dá-me um beijo enternecido

E me olha com saudades...

Se às tardes tu vieres,

De voltar, não tenhas hora,

Nem perguntes por mulheres

Que há tempo foram embora.

Às noites, se tu vieres,

Que não sejas só mais uma,

E me tenhas... se quiseres,

Só não firas coisa alguma.

Nas manhãs, se inda ficares,

Não orando teu rosário,

Podes procurar lugares

Pras tuas coisas no armário.

Mas não mudas de lugares

Qualquer coisa de meu uso,

Se por quê me perguntares

Nem eu sei, mas me recuso.

No passado, tu não mexas!

Lá eu guardo meus segredos,

Não te servem às tuas queixas

E nem curam os teus medos.

Saberei criar espaços

Quantos for o teu amor,

E terás todos os meus braços

Pro teu corpo se dispor.

Se vieres, qualquer hora,

Nada digas, nada ouses,

Vem com tempo e sem demora

Nos teus seios me repouse.

Vilmar Daufenbach
Enviado por Vilmar Daufenbach em 14/04/2010
Reeditado em 20/04/2010
Código do texto: T2196883