ORVALHO DA MANHÃ

A cidade está dormindo,
Eu – perambulando,
Dentro dela,
Solidão me consumindo,
Lágrima rolando,
Loucura me espreitando,
De alguma janela,
Confundindo o meu ser,
Me enchendo de vontade,
De abrir a eternidade,
Me perder na imbricação,
De não me pertencer,
As horas passando,
A dor sussurrando,
A alma sofrendo,
Pelo sim – pelo não,
E pelo talvez,
Divagando,
Na filosofia vã,
Dúvidas me corroendo,
Provocando insensatez,
Na inquieta irmã,
Lúdica lucidez,
O olhar cansado,
Mas, esperançado,
Procurando libertação,
No orvalho da manhã,
Crendo como um cristão,
Que esse instante passará,
Que a serenidade virá,
Quando o sol nascer.