BORBOLETA

Uma quarta-feira estranha

Com um sentimento de fracasso

Numa tarde ociosa e incomum

Uma tristeza absurda

Vinda de um endereço certo

No corredor de um bloco

Sentada num sofá

Lugar este importante

Por mim sempre querido

Despertar de um amor infinito

Que na realidade sempre existiu

Abertura de uma janela colorida

Clave de uma música constante

Marco de uma relação que é única

Naquele mesmo sofá

Caiam lágrimas

E desta vez, minhas

Um sentimento de fracassso

Que também vem de um amor

Um amor de lente acinzentada

Que prefere viver da dor

E de repente pela porta daquele corredor:

Uma borboleta!

Voava com tanta liberdade

E eu podia sentir a sua alegria

Mas sem encontrar espaço

Pelas paredes e portas se batia

Voou até cansar e pousou num quadro negro

Como eu

Sem liberdade

Numa mesma quarta-feira estranha

No corredor daquele bloco

Com um sentimento de fracasso

E sem encontrar espaço

Linda ela

Dona de perfeitas asas azuis

Aquele mesmo azul mar do verde céu

E com ela vi de novo aquarela

Uma quarta-feira estranha

Uma noite perfeita

Naquele mesmo misto de amarelo céu azul e lua branco Sol