Viver é Isso!
Banho-me de sol...
Talvez sem ao menos ter pedido.
O sol, nem ele mesmo sabe porque me banha,
Devo ter sido, portanto merecedor desse feito.
Mais que banhar-me, o sol me traz novas possibilidades de reflexão.
Eu, assim injusto, ao tempo em que interrogo a mim,
Desafio a minha ignorância, nunca desconhecida.
Fujo da verdade, verdade essa solidificada pelos meus erros.
Ainda que eu queira livrar-me de alguns pesos, pensando serem maus,
Consigo conectá-los a mim o tempo todo, todo o tempo.
A cada vez que remexo-me na cama fria e muda,
Trago a mim as coleções de erros pelos quais devo ter sido vil.
Mas para quê colecionar erros?
Nem eu sei ao certo explicar.
Não queria ter a limitação imposta pelos outros, os outros que vivem da vida alheia.
Apenas quis e quero, viver com intensidade o que o sobreviver me garante.
Não muito distante de minhas impessoalidades, busquei sentidos.
Busquei aquilo que devo ter perdido no silêncio de minhas atitudes.
Permiti-me sentir cheiros, peles, desejos e até mesmo sensações impalpáveis.
Senti, toquei, e fui... apenas fui. E não apenas me tivesse ido. Não hesitei. Fui.
Pensei ter ido a um lugar que me convidei,
Mas não. Fui a um outro que sequer conhecia.
Um espaço que me sempre foi imanente, mas que nunca havia percebido.
Há quem diga que fui insensato quando das circunstâncias.
Tudo aconteceu conforme eu nem esperava.
Surpreendi-me ao enxergar nas entrelinhas do que me propus,
Preços mais tarde vistos. Apenas vi, ou realmente enxerguei?
Tudo foi se confirmando, aparecendo e se concretizando.
Banho-me de sol... Agora já sei. Mesmo sem querer admitir o real saber, sei.
Agora posso sentir que o sol, não apenas me banha de luz aquecedora,
Mas de uma luz vital e reveladora de mim.
Agora não apenas entendo. Reflito. Vivo e admito. Viver é isso.