Amnésia
Desesperada, subi até o último degrau
Era um edifício de onze andares, onze horas
Soava o relógio ancestral
Na praça, a graça
Era o desespero em débito
Que esvaía a fumaça dos olhares atentos
Somente meu era o mérito
Os beneméritos estavam no passado
E não me valiam mais.
Se fui refúgio, qual foi o meu nome?
Não me recordo e discordo!
Sobrenomes, nesse instante, cabiam mais
Ao meu perfil de juíza da sabedoria.
Puxei pela memória outra vez,
Tive náuseas... Infausta tentativa!
Intuitiva, atirei-me ao chão...
Espalhados os pedaços por toda parte
Sem cor, sem vida, carvão
Partes de uma vida de glória
Desajuntadas, desajustadas
Mesmo sem recobrada a memória
Se recomposta, haveria perdão.
Assim foi ele: reunindo cada suspiro desequilibrado,
Remontando cada instância perdida
Da vida esquecida, do compromisso de consolação
Com os corações sobressaltados.
O Perdão juntou tudo em mim:
Destroços da alma, entulhos, ruínas
Sonhos e ânsias
E me chamou de “Esperança”
Com sobrenome “Sem Fim”.