O BOM MENSAGEIRO
Quero que aja um mensageiro para aqueles, que pelas circunstâncias da vida, tiveram as suas ações, vivências e pelo acúmulo de decepções, resumidas as suas existências. Quero que ele anuncie que a vitalidade da atividade existencial, ainda nos oferece esperança.
Basta que, como a inocente criança, coloquemo-nos a fazer com que cada dia seja a oportunidade de descoberta. E assim, como na infância, todas as oportunidades serão motivos de alegria, sejam elas grandes ou pequenas. Mesmo quando chegar a mais sombria e fria das estações da vida.
E quando nossa fragilidade começar a anunciar o crepúsculo dos anos, teremos consciência de que tentamos de várias formas buscar a felicidade. Na esperança de que no fim possamos encontrar a tão procurada verdade.
Então, com a alegria do dever cumprido, lembraremos dos momentos de dor, seja ela qual for, física ou emocional, por nós mesmos vividas ou por alguém querido sentida. Terá também espaço nas lembranças, o sentimento de amor. Seja ele coletivo ou afetivo ao extremo, que tenha levado à paixão e consequentemente, a uma doce ilusão. Mesmo que tenha sido na imaginação um belo momento de inspiração.
Nesse caso, que toda a humanidade estabeleça um belo acordo entre todas as nações. Que a notícia seja passada a todos os homens, mulheres e crianças, que ainda existe uma esperança para o nosso turbulento mundo que está afundado na desigualdade, no consumo e na ganância. O acordo é: que todos vivam com simplicidade, que a mais valorizada virtude seja a humildade, sem que ninguém se subjugue a outro, por este ser forte. Que seja afastada a tristeza, valorizada a beleza, não física e estética, mas a beleza moral e ética.
Que seja mais conhecida a existência das poetisas e dos poetas. Que os homens valorizem personagens incríveis e de ações espetaculares, como Safo com suas belas poesias. Então, no fim não haverá só um mensageiro, mas vários. E que todos os versos, todas as estrofes, todas as rimas e todos os poetas, sejam eles eruditos ou populares, tenham o seu verdadeiro e grande valor. Que sejam ouvidos nos continentes e que suas rimas possam sem censuras se expandir pelos ares e pelas mentes.
Não sofrendo mais a dor da solidão nos quartos, escritórios e bibliotecas. Fazendo coletiva a alegria daquilo que surje entre o papel e a tinta. E com isso, aqueles que outrora tinham a existência resumida, agora a têm de forma grandiosa e concreta.
Vicente Mércio