O INVERNO DA VIDA

Hoje não vou à fonte

É longe, muito para lá de além

Deixo-me a olhar o horizonte

Morre o Sol, com ele morro eu também.

Mais logo as estrelas vão surgir

Vou agarrar uma se puder

Para quando a solidão vier

Iluminar o meu existir.

Escondo-a num abrigo do coração

Bem ao pôr-do-sol da minha Vida

Ao anoitecer deste meu céu escuro!?

E assim a Vida não terei ainda perdida.

Pode o Mundo parecer-me duro.

Ser até meu caminho feito pó

Colherei ainda o que semeei

E assim não me sentirei,

Nunca só.

Deixo a fonte lá bem distante

Ouço-lhe apenas o rumor!

Que a Vida é um só instante

Nesta hora, como o sol, perde calor.

A Vida é uma migalha

Não penso que é eterna!?

A morte chega não falha.

A noite é fria, e a vida já inverna.