SEM MEDIDAS
De sonho em sonho
Vislumbro o que vejo
Logo então componho
Aquilo que tanto desejo
E de lá e de cá reponho
O hoje e o amanhã...
Fortes lembranças de ontem
Dizem que espero vir a fazer.
Está na planilha o que convém
Desenho plástico a me entreter
Manhãs vencem as manhas
Na esperança de acontecer
Vencer a bruma da solidão
Marcar tempos e espaços
Para aferir bem a emoção
Ao encontro dos meus traços
Aconchego meus poemas
Aqueço abraçado ao travesseiro
Não o faço como estratagema
Apenas pensar o alvissareiro
Para evitar o caos do dilema
Afinal da vida somos passageiros
A romper as noites de escuridão
Sofrendo dores de paixão insana
Eu olho, contemplo e realizo
Mais profundo dos sentimentos.
Tudo logo vive e então sumarizo
Na brevidade de cada momento
Nos versos que escrevo e prezo
Cultivo doces mimos e carinhos
Dos erros e acertos de minha alma
Com inquieta ternura e brandura
Percebo que tudo então se acalma
Porque preciso por a melhor doçura
Hei de reacender a força da chama
Neste amor meio aleijado que nasce
Com a força soberana da prece
Negando a impiedade do pecado
Que por vezes assola e cresce
Assim se faz o homem determinado
Ao chutar as muletas e alavancas
Mesmo com os alicerces retorcidos
Confiando cegamente que é possível
A quem se sabe poder vir a ser eterno
Há que se conduzir ao rumo plausível
Na luz da clarividência do que é interno
Por onde o vômito já passeou o drama
Na angústia doída, revivida e sofrida
Das eternas idas, chegadas e despedidas
Para reencontrar os caminhos da vida
Antes que a morte chegue de surpresa.
Ligado e atento nos motores de partida.
A saborear o que vem à mesa e sobremesa
Para o ser fluir... Acima de todas as medidas.
Hildebrando Menezes