Rompantes de pura lucidez

Quando não se tem mais nada
Mais nada se perderá
O ar será o lucro obtido
E a batida interna uma nova forma de vida

Quando se perdeu tudo
E nem mesmo o medo se faz presente
Algo vai mudar, algo se modificará
Talvez em você, talvez em mim
Talvez, eu diria, no mundo

Quando nada mais faz sentido
Deixa o chão ruir aos seus pés
Caia e deite de mansinho
Ouça o galopar dos cavalos ocultos na floresta
A sussurrar o seu nome pedindo atenção

Quando estiver pronta para ouvir: ouça!
Não vai nem precisar prestar atenção
Será a sua consciência falando
E a voz será a do seu coração

Quando achar que tudo acabou, acabou nada!
É apenas um recomeço com novas paisagens
A vida é um abrir e fechar de cortinas
Que revelam portais para quem quiser entrar

E quando suas forças voltarem: aleluia!
Pegue o lápis e o papel e escreva
Ouça no volume mais alto a melodia
E enlouqueça com o perfume da primavera

Pois da cinza renascerá como nunca
Uma nova pessoa, uma nova visão
E por mais que ainda doa em seu peito
Entenda uma simples coisa:
O mundo não vai parar porque você parou!

Quando não houver mais desespero
Quando não houver mais lágrimas
Quando não houver mais amigos
Quando não acreditar mais em você...

Aí sim, estará pronta para viver de novo
Foi duro arrancar esta estaca do peito
Mas foi necessário enfiá-la
É tempo de mudança
E nós só mudamos quando somos obrigados a isso
Ninguém sai da sua comodidade
Para arriscar-se
Quem se arrisca é louco!

Eu sou louco
Você é louca
E não importam as vozes que falam o que querem
O que elas querem é ser você

Quando não houver silêncio: acorde-me!
Quando não houver chuva: molhe-me!
Quando não houver sinal: recolhe-me!
Quando não houver sal: adoça-me!

Quando não houver paz: perdoa-me
E perdoa-os:
“Eles não sabem o que fazem!”