Desaparecidos

É dor que não se descreve

Ebulição que sempre ferve

Ultrapassa a barreira do consciente

Nada se compara ao um filho ausente

Lançam nas chamas as incertezas

Crueldades competindo com fortalezas

Vive-se como se cada momento

Ampliasse ainda mais o sofrimento

Amor de mãe é eterno e não morre

O liquido da esperança escorre

Por rios e mares nunca imaginados

A procura dos filhos não encontrados

Desaparecido! Que palavra dolorida!

Quem sabe e tem na carne essa ferida

Conhece a pior das dores possíveis

Na busca dos filhos não visíveis

Não existem palavras que exprimam tais amarguras

Amor de mães sem seus filhos é a mais terrível das torturas

Não imaginar sequer que caminho poder seguir

Não ter a mínima idéia de onde e como prosseguir

Consolo mãezinha! Jamais desista e perca sua esperança!

Mesmo que todos digam que fique apenas com sua lembrança

Enquanto um mínimo de sangue circular nesse insistente coração

Conserve sua força e de nenhum modo desvie de sua direção

A qualquer momento poderá haver uma resposta para a sua indagação...

Ofereço nesses versos meu incondicional apoio às mães que sofrem a morte em vida. Sim, por que o sequestro de um filho é de uma crueldade tão grande e de uma dor que nenhuma poesia é capaz de descrever com fidelidade tal torturante desespero.