ONDE TE PERDI
De todas as velhas belezas já vistas antes
nenhuma delas estava lá.
Mais foram tuas palavras que tornaram tudo mais belo.
Não haviam hoje flores a lançar perfumes pelo ar,
era tua pele macia que me enternecia.
Não era o nascer ou o por do dia,
era hoje a tua magia e teu olhar que a tudo irradiava
essa luz e o brilho teu.
Era hoje teu olhar que me atravessava a alma
e nem belezas da aurora, nem
tão pouco o vento de todos os dias.
Simplesmente te via e o silêncio me acompanhava
e me cantava as belas canções do amor.
Nada mais fazia sentido, e eram sempre as
canções que me aprisionavam.
Era sempre o teu olhar e já bastava, e me fazia
prisioneiro em minha própria alma.
De todas as coisas tudo estava lá, pois a tua ausência
em mim, era a única coisa nunca completa.
Nem sonhos, nem planos, nem metas, nada tinha inicio
ou se concretizava sem ti.
E as ausências de ti em todas as coisas,
era tudo o que me dava medo.
Sonhei meus sonho, tracei minhas metas, planejei meu
caminho e aquele torpe mundo que me acompanhava
desenhei-o com esquadro, mas ele sempre torpe como fora.
Risquei-o de meu livro. Expus tuas palavras em mim, mas
era sempre a tua ausência que me encontrava.
Mais uma vez desisti de ti, e tudo me fora em vão.
Cessou minha luz. Desmoronou meu estreito caminho
de pontes imensas e precipícios.
Meu labirinto torpe se endireitou, porém era preto e
branco e não haviam mais frutos na jornada.
Não haviam os prazeres de enfrentar os perigos, não haviam
grades que me prendessem em meu próprio corpo, a vida que me
deste se foi e tudo mais já não era assim tão vivo. Tudo cessou.
E de todas as ausências nenhuma me tirava mais o ar, que
a ausência da esperança do teu olhar.
O silêncio não era mais amigo, a solidão me abandonou e me
deixou sem canções em mim mesmo.
Este velho amigo outra vez me traiu e aquele
velho mundo cessou.
Era impossível viver assim.
Chamei-o velho amigo silêncio. Sessei as palavras e ele me
devolveu as canções.
Voltei para ti.
Reencontrei minhas palavras, tornei torpe outra vez
meu mundo, retornei para a tua esperança.
Como é bom estar em casa, como é bom retornar.
Seja bem vindo meu velho torpe mundo,
Mais por favor, agora tranque bem a porta ao entrar.