Dor da Doença
A centelha da seiva
Rasgou a sua veia
Pela químio e a rádio
Terapia que só judia
Que queima e incendeia
Como o fio da navalha
Cortando raso a carne
Tudo suporta altaneira
A nos mostrar que é guerreira
Só a esperança de companheira
Concertista de mão cheia
Uma pausa pro sofrimento
Enjôos... Quedas de cabelo
Que valente e corajosa menina...
De uma música que fascina
Nasceu para a arte essa felina
E como nos encanta e alucina
Com essa sua poderosa garra
Que segura e a tudo se agarra
Na, com e pela sua vida!
Dor mais que ferida e sentida
A morte será por ela vencida
Por mãos talentosas que acariciam
As teclas do teu piano de calda
Que te acode e afaga ano a ano
Na explosão da harmonia
Do teu brilho que contagia
No grito de Deus ascendendo
Na paz do teu sacro santo canto
Sem nenhum arremedo
Vencendo o teu medo
Com a alma plena e cheia
Transborda a linda poesia
Comendo como farinha a dor
Matando o cão e seu pão amassado
Do mal, da solidão de rondão
Subindo preces aos céus
Sem nenhuma proteção
Só com a força da oração
Sozinha! Contigo mesma
E mais nada! Nada! Nada!
Só a paixão do calvário
Nas estações do martírio
A aportar no paraíso
Com a boca e seu riso...
E ao fundo suas partituras
Sangram letras musicais
De Schubert, Paganini,
Debussy e Schumann
Como a encorajar que é
Possível vencer a doença
Lute minha adorável criança...
Você é o retrato da perseverança!
Hildebrando Menezes
Nota: Homenagem à minha querida sobrinha Danieli Longo
Doutora e Mestre em Música pela USP-Universidade de São Paulo.
http://guia.folha.com.br/concertosedanca/ult10046u623895.shtml
Musicista que interpreta obras de Schubert, Paganini, Debussy e Schumann. Tendo se apresentado na Itália, França e Brasil.