A última Ave
Ave nos céus, tu sabes o significado da tua liberdade?
Sabes que és como um sonho para os sonhadores?
Aproveita-te de tuas asas e voa até as estrelas
Perguntas para elas as respostas das nossas dúvidas
Cantas o teu cântico fascinante e mostra o quão majestosa
Tu podes ser, talvez assim elas entendam
Que existem seres confusos e sem brilho, almeijando
O reino dos céus, onde estão os cometas, seres de fogo,
Mas que por hora, perderam a chama e agora são somente
Seres,
O último a renascer das cinzas já partiu há muito
Deixou-nos valiosas indicações para que possamos
Encontrar nosso caminho, porém a trilha está coberta
Pelo verde egoísta e os tolos caminham sem pressa
Esquecendo que tem um poderoso inimigo
O tempo, meu caro, não está contigo, pois ele
Não toma lado nem está à favor ou contra
Simplesmente passa, dando chance aos novos
E derrotando aos velhos, não há vencedores
Somos todos perdedores.
Então corra, meu amigo, a ampulheta já foi virada
A areia é contada e você não vai conseguir
A linha de chegada está muito ao longe, depois do horizonte
E você ainda está aqui, olhando para mim, com medo
De seguir. Vá! Fuja! Deixe um velho jovem para trás
Toma teu rumo, dá a volta ao mundo e depois me diga
Valeu a pena?
Uma criança de pernas pequenas, suas asas quebradas
Cortadas para que não seja capaz de voar, está sozinho
Peça ajuda às aves, aos céus, às estrelas
Aos deuses tu rezas e às margens tu olhas o reflexo
Da tua alma sofrida, cansada, há muito escondida
Por debaixo das tuas mentiras, mas não tenha vergonha
Pois não fostes o único a tremer diante da decisão
Seguir ou ficar, eis a questão.
Revolta-te contra os homens, queima os corpos com tua ira
E tu serás mais um fracassado na mais importante missão
Da tua vida, porém recorda-te que é do caos
De onde nasce a esperança, é da chama que renasce
A vida, cinzas guardadas, coloca a coroa de espinhos em ti
E com tua lança reinará soberano por mais de mil anos
Conquista os fracos com teu amor e derrota os fortes
Com o teu perdão.
Tua palavra não tem valor no mundo dos mortos,
Então cala-te e luta! Mira tua lança ao céu e domina as aves!
Expõe teu estandarte nas estrelas mais distantes,
para que teu símbolo seja brilhante e eterno!
Destrói as bandeiras dos zumbis! A Lua foi dedicada à ti!
Mostra o teu valor, assim tuas honras e tuas glórias
Serão cantadas pelos mudos e soará como a mais doce
Melodia para os surdos.
Não desista, porque sempre há solução,
Sempre há uma luz,
Hei de haver luz.