A liberdade de amar

Tenho uma força, capaz de me levar a qualquer lugar, mesmo ao mundo dos sonhos

Porque quem sonha tem a chance de se libertar e voar mais alto

Do que todos os outros pássaros, presos por correntes e dentro de uma gaiola

A chave que abre a saída está pouco acima da barriga, abaixo da cabeça,

Mas é difícil alcançá-la, e é por essa razão, que os pássaros vivem na solidão

De seus bandos, cercados por outras aves, todas acorrentadas, voando baixo

E sem rumo, seguindo em círculos, tolos, cometem o crime de voar mirando o chão

A chave da liberdade eu hei de encontrar

Quem me deixa cego não é o Sol, é o chão, porque o brilho daquele acende a chama

Que arde em meu coração, aquecendo minha alma e ascendendo os meus sonhos

Sinto-me vivo, em meu peito há uma batida forte, que não pára, e é em teu ritmo

Que minhas asas batem, debatendo-as contra as correntes, não tenho a chave,

Mas consegui a força, tenho fúria, tenho pressa de sair, não suporto mais estar aqui

Fui preso por vontade própria e não tenho a força necessária para fugir

Um doce canto ecoa por entre os gritos desesperados, são as estrelas

O que dizem elas? Não entendo, porém sua melodia é muito mais que divina

Acalma minha alma e conserva o meu fogo, eu já não sou mais eu, de novo

Estrelas, por que estão aí tão longe de mim? Quem sois vós? Por que cantam para mim?

Sou egocêntrico, os vossos cânticos não estão para um só, mas por que somente eu

As estou escutando agora? Ajuda-me estrela maior, a entender minha parte nisso tudo

Minhas penas são frias e minhas asas estão duras, já não sabem mais voar

Meu canto não encanta mais e meus olhos estão fechados, não vejo uma saída,

Mas teus cantos me trazem lembranças, dos dias chuvosos em que não tive abrigo

E fui acolhido em outro ninho, pelos pássaros mais majestosos, as águias

Voando livres enquanto aqui estou eu, morrendo pouco a pouco, acorrentado

Não chores pequena ave, veja a nossa luz, sinta o teu brilho e abres os olhos de novo

Quebres a casca do teu ovo e voe majestoso, porque ser magnífico como tu não há

Pássaro de asas tortas e de penas molhadas, tenta nos alcançar que nós prometemos

Não te abandonar. faça-nos teu objetivo e segues o teu sentido, que és amar

Eu pensava ser forte, mas sou fraco, não é possível escapar sozinho, porque

Não há plano de fuga perfeito, somente a chave pendurada em cada peito

Meus pés não são capazes de tomar a chave e abrir a jaula, tampouco meu bico

Porque esse está calado desde o princípio, já as estrelas estão longe demais

No final não adianta ter esperança, vou morrer aqui acorrentado, serei julgado

Sou culpado....

Respiro cada vez menos, estou morrendo, perdido, caído, não temo mais o tempo

Porque sei que já não o tenho mais, as sombras começam a cobrir meu mundo

Escuto um silêncio e abro meus olhos, fútil tentativa de acreditar em algo,

Há um outro pássaro, olhando-me com seus olhos tristes, aproximando-se

De meu corpo já quase sem vida, não venha aqui, deixa-me morrer logo

Não chora por mim, porque fui fraco e tenho tudo o que mereço, por que continuas

A vir até aqui, não vês que tua corrente é tão fria e maciça quanto a minha?

Agarra tua chave e foge daqui, as estrelas estão te esperando, voa para elas

Por que me olhas assim, onde você estava quando eu precisava? Agora já estou pronto

Para morrer

Vagante, tua corrente não te machucas? Porque mira o céu se estamos presos?

Outro dia eu também olhava para cima, mas não conseguia ver aquilo que queria

Liberdade, não fui capaz de me libertar, então não venha me ajudar, segue

Tua vida e teu caminho, voa por cima das nuvens e depois me diz o que sentiste

As minhas asas já não tem força para voar tão alto, então continuo apenas com saltos

Rezando para ouvir uma voz que me diga o que é estar, livre

Ao vento dedico meu último canto de silêncio

Voltar a ser livre era tudo o que eu queria, e tu pássaro, por que continuas a se aproximar

Imaginas mesmo que podes me libertar, então façamos um acordo, venha a mim

Dá-me tua chave que eu dar-te-ei a minha, veremos então se assim é possível tentaremos

Atrasaremos o relógio, iremos juntos então, voar por sobre o céu e alcançaremos as estrelas

É essa a única saída, a união de duas almas queridas

Ao Sol voaremos, com nossas asas não mais sofreremos aqui no chão

Minha vida eu te entrego e em meu peito vou carregar

A chave que usei para te libertar, carrega contigo a minha liberdade, que usaste para me

Reinar.

Magno Quirino
Enviado por Magno Quirino em 13/12/2009
Código do texto: T1975851
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