A Dor

É um amigo que morre, ou pior, aquele que não te socorre

Quando você precisa de ajuda, é sofrer em silêncio

Enquanto grita todos os dias, é ter voz e não pode falar

Pensar que amor já não há e que o mundo girou mais uma vez

Sem te esperar acordar, outra hora se passou e ainda estás sozinho

O vermelho não lembra mais o sangue e o amarelo não está mais no céu

Incolor, insípido, difícil de engolir, mas você é obrigado

A tomar o comprimido inteiro, se quiser um dia melhorar,

Pois você nada mais é do que o resultado de suas derrotas

É quando tu estás atirado ao chão, em extrema agonia

Que tu lembras de tudo que fizeras em vida

É graças a ela, que tu sabes estar vivo

Porque não são os momentos alegres que te fazem recordar

Tuas alegrias passageiras de uma existência inteira

Existes porque pensas e pensas porque a sente

Como uma serpente, comprimindo o teu Eu

E injetando o veneno agonizante, para que em teu leito

Tu não esqueças de que tu já foste um belo dia

Tu podes negá-la, e desacreditá-la, dizer que ela não existe

E que estás tudo bem, mas não adianta, porque no fundo

Ela não quer o teu mal, seja forte e a suporte,

Pois é graças a ela que tu és quem és hoje

Guerreiro, acolhe-a com tua espada e deixa que ela descanse

Em teu bravo coração, para que tu sejas capaz de resistir

Às tentações que estarão por vir, pois ela guardará tua alma

E te guiará pelo teu caminho, fazendo-te mudar a cada novo passo

Sem receio e sem hesitação, tu seguirás o teu próprio compasso

Tua batida poderá ser ouvida e será temida por todos os covardes

Que a abandonaram acreditando ser culpa dela os males do mundo,

Quando na verdade, é graças a ela que existe o perdão

Seja companheiro e deixe que ela prove o teu valor,

Questiona-te a si, permita-a mostrar o que é o amor

As pessoas vão dizer que tu estás louco e que já não é sã

Tua mente, mas digas para elas que tua alma não é vã

E que loucos estão aqueles que acreditam na felicidade atual

Vítima das enganações e distorções, ilusões criadas pelo mal

Verdadeiro, destruidor de sonhos, que confunde os fracos,

Mas em tuas cicatrizes carregas uma espada

Tua alma já está armada

Os que duvidam da tua força, não vêem tuas marcas

Que foram todas feitas em duras batalhas

Umas derrotas, mas sempre vitórias, pois a vida é assim

Estar no fundo, mas tornar a subir

É assim que se reconhece um homem bom

Ao ver que sua alma já sentiu muita dor

Dignos são aqueles que voltaram a ficar de pé

Onde a maioria continuaria atirada ao chão

Relembrando um passado de falsas glórias

Ela é a força que nos faz sentir que estamos vivos

Ligados aos nossos irmãos e aos nossos inimigos

Até o fim do universo, estaremos todos unidos

É assim que superamos nossos próprios destinos

Fincando bandeiras em terras distantes

Ou tolerando os seres ignorantes

Recuperando-nos de momentos de fraquezas

Como pode as pessoas não entenderem tanta beleza

A dor, é muito mais que tristeza.

Magno Quirino
Enviado por Magno Quirino em 10/12/2009
Código do texto: T1969804
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