ENQUANTO HÁ TEMPO

Tenho que reorganizar a vida,
Tirar os olhos do chão,
Tenho que cuidar da ferida,
Juntar os pedaços do coração.

Tenho que retirar essa nuvem,
Densa sobre a minha fronte,
Tenho que ser um novo homem,
Na linha tênue do horizonte.

Tenho que me encontrar, me perdoar,
Pelo mal que eu nem sei se fiz,
Me rejuvenescer, me encantar,
Brincar de viver... de ser feliz.

Tenho que assimilar as dores,
Que o mundo sutilmente me oferta,
Atravessar o arco-íris, vestir suas cores,
Habitar na ternura; sonhar como um poeta.

Tenho que revirar as gavetas,
Jogar muitas coisas fora,
Ver no vôo silencioso da borboleta,
A possibilidade de uma nova aurora.

Tenho que mirar a luz do seu olhar,
Deixar todo o sentimento me compor,
E com o ser desnudo - falar...
Você é meu grande amor.

Tenho - apesar da sólida realidade,
Acreditar que a esperança existe,
Sentir o afago da liberdade,
Enquanto o tempo me perminte.