DEPENDÊNCIA

De uns dias para cá

sequei, murchei, perdi a cor e o viço,

a coragem se foi, sumiu da face o sorriso

fiquei por ai...perambulando sem rumo

estive em casa...escondendo-me de tudo

cerquei as janelas, as portas

entrei no submundo da tristeza

virei planta morta e não escrevi

nada brota de mim quando não escrevo

como Clarice...se não escrevo, é porque morri

Cadê você ? Eu procuro...

cadê a cor, a vida, a coragem ?

cadê o sorriso ? as janelas abertas ?

Nestas horas de tristeza

não sou humana nem bicho

Transformo-me em objeto

da solidão...sou o eco

da escuridão..sou o negro

das lágrimas..sou caixa de papelão

disforme, jogada e molhada no chão

Quem entrar na casa não vai me ver

não mais existo, não sou um ser

sumi de repente junto com a aurora

a tristeza me levou embora

Quando volto, fora de hora

você já chegou, meu sorriso !

volto a ser bela, planta verde, cheirosa e viva

sou assim, metamorfose que depende do teu hálito

pra respirar a frescura das cores

voltei a escrever...estou viva !

Adriana Alves (Poetisa Lancinante)
Enviado por Adriana Alves (Poetisa Lancinante) em 11/11/2009
Código do texto: T1917600
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