DEPENDÊNCIA
De uns dias para cá
sequei, murchei, perdi a cor e o viço,
a coragem se foi, sumiu da face o sorriso
fiquei por ai...perambulando sem rumo
estive em casa...escondendo-me de tudo
cerquei as janelas, as portas
entrei no submundo da tristeza
virei planta morta e não escrevi
nada brota de mim quando não escrevo
como Clarice...se não escrevo, é porque morri
Cadê você ? Eu procuro...
cadê a cor, a vida, a coragem ?
cadê o sorriso ? as janelas abertas ?
Nestas horas de tristeza
não sou humana nem bicho
Transformo-me em objeto
da solidão...sou o eco
da escuridão..sou o negro
das lágrimas..sou caixa de papelão
disforme, jogada e molhada no chão
Quem entrar na casa não vai me ver
não mais existo, não sou um ser
sumi de repente junto com a aurora
a tristeza me levou embora
Quando volto, fora de hora
você já chegou, meu sorriso !
volto a ser bela, planta verde, cheirosa e viva
sou assim, metamorfose que depende do teu hálito
pra respirar a frescura das cores
voltei a escrever...estou viva !