HUMANOS
O arquivo do passado
São as recordações
Representadas no palco
Das grandes imitações
Ora triste, ora alegre
As inusitadas invenções
Fabricadas pelo tempo
E plantadas nos corações.
Os humanos são seres
Apenas representativos
Das cenas da vida
São todos figurativos
Uma história sem enredo
Escrita sem motivos
Sem leme e sem rumo
São todos fugitivos.
Solitários sem platéia
Jogados num palco escuro
O passado no presente
Afugentando o futuro
Os egos destroçados
Batendo de contra ao muro
Uma comédia sem humor
De um escritor prematuro.
Cada gota de chuva
Obrigando-os a pensar
Aquilo que sabem é pouco
Ainda precisam estudar
São primários e egocêntricos
Que não sabem navegar
Nas águas turvas do amor
Tampouco sabem amar.
São humanos perdidos
Sem pátria, sem bandeira
São soldados sem uma causa
Sem capitão e sem trincheira
Os olhos não enxergam nada
Além da própria asneira
A cortina encerra a cena
Que era pura brincadeira.