A Borboleta e o Verso
Descobri que as pessoas que amamos são que nem versos
e que os versos são que nem borboletas – num bater de asas.
Por isso, não posso aprisionar ninguém. Ou me aprisionar.
Descobri que as pessoas vêm e vão. E assim é que deve ser.
Todos devem ser livres. Com o direito de ir ou vir se quiserem.
... e se voltar que voltem por amor.
Descobri que não se pode aprisionar uma alma pra sempre.
E que as pessoas que amo também podem amar outras pessoas. Devem amar.
E que amar ou ser amado por alguém não me dá o direito de ser dono dela.
Descobri que durante toda a minha vida terei que fazer escolhas.
E que, quer eu queira ou não, terei que conviver com elas.
... Mas nenhuma dor será definitiva. – a não ser que eu deixe.
Descobri que uma única palavra pode machucar. – principalmente quem amo.
E machucar não significa ser forte.
Ser forte não significa estar seguro.
E estar seguro não significa ter paz.
Os meios nunca justificam os fins. O ciúme não justifica um amor.
Descobri que não posso fingir que não existe dor no poema.
E que há fome lá fora.
É questão de tempo até que a violência bata na porta. E eu terei que abrir.
E posso até beijar mil mulheres. Cruzar mil pernas.
Mas descobri que só preciso de uma.
E o mais importante...
Descobri que alguns dias serão mais longos do que outros.
Mas cada noite trará uma manhã – embalada em seus braços.
E cada tarde trará um pôr-do-sol – pra mim.
Sei que o meu filho precisará de um pai.
Sei que o meu pai precisará de um filho.
E eu estarei aqui.
(Ismael Alves)