PÁSSARO AZUL

PÁSSARO AZUL

Onde gralhas teu canto,

se pinheiros não têm mais?

Onde, alegre, o teu ninho?

Teu filhotinho, onde está,

sem o fruto dos pinheirais?

Mas, araucárias? O que são?

Extinguiram-se os pinheiros

das plagas do sul.

Onde a castanha caída,

que entre folhas mortas germina,

gerando novos matagais?

Não vejo mais jovens estandartes,

fazendo arte com o seu verde espinho.

Esse viço imponente não tem mais!

Volta, gralha azul,

e povoa o teu paço;

debulha a pinha e planta o grão;

mostra o verniz azul do teu manto

gargalhando tua trilha sonora,

cobra o teu direito de existir;

esconde o ninho

entre copadas densas de pontiagudos espinhos,

enquanto houver pinhão e espaço

no chão dos teus ancestrais.

Afonso Martini
Enviado por Afonso Martini em 20/10/2009
Reeditado em 22/10/2009
Código do texto: T1876571
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