Narrativa sem tempo
Um jogral, na beira de um riacho,
abandona a lira na relva
e respira os raios do sol...
e a bruma suave lhe canta
a álgebra ilógica do sentimento.
O dia decora a fragilidade
diante da carência de um abrigo;
nossos abrigos cristalinos nos aguardam
no final da vereda multicor.
Serena é a revoada de flamingos,
matizada a idealizada ausência de aflições
que atmosferiza os desejos supraterrenos.
Trepida-se e convulsiona-se aqui
o que anseia pelo frenesi criativo;
o que se conteve
das volúveis intenções humanas,
ainda tão fora de seu tempo...
Tão impulsivas na aquisição da beleza...
Enquanto a beleza flui através de nós
e reflui no abraço solidário das criaturas.
Buscamos aqueles que sabem sentir
todas as atmosferas do(s) mundo(s), sorver
o relevo cambiante,
expelir de si a nulidade empedernida
que ainda adere às suas memórias
esvaziadas.
E o coletivamente memorizado
vem numa só torrente, preenchendo-nos
de prazeres narrativos. A fonte
sempre jorrante, sempre brilhante
de magias informais.
Somos mestres, somos aprendizes.
Trombetas e clarins.
E o jogral cinge-se de flores azuis.