MOTIVAÇÃO
Vejo uma bela paisagem;
Uma árvore diante um velho;
Está sentado em um banco;
Ele contempla o horizonte.
Ali, há grandes construções;
Barcos, n’água navegando.
A água reflete o céu;
Como ele, está azul claro;
Cor daquela imensidão.
Agora, há mais um idoso.
Vejo dois velhos agora.
E este, faz igual ao outro;
Ele contempla a paisagem.
Mas, ele dois não se olham;
E eles nem podem se ver;
Porque há um vazio entre eles;
E este vazio não os deixa.
De frente ao último velho;
Também se ergue uma árvore;
Que tem em comum com a outra
A idéia duma idade.
Que não há de revelar-se;
Não n’ora que chega um outro;
E senta-se noutro banco.
Não se tocam; não se vêem;
Mas contemplam o céu, unidos;
Por um abismo semelhante.
Pra o último também há;
Para ele, uma árvore;
E mais três postes de luz.
Três luzes pra cada um;
Pra quando chegar a noite.
O que pensam estes homens?
Ao que se perdem na mente?
De onde vêm, pra onde irão?
E o que eles têm na vida?
Nada, que não seja o tempo;
Ou o que lhes resta dele.
Nada em comum eles têm;
Menos que desconhecidos.
Pra si, entre eles, pros outros;
Com a única expectativa;
Em ver, pois, findada a tarde;
E ver mais um pôr–do–sol;
Respirando junto às folhas;
Das que os fazem companhia;
As árvores, que como eles
Sentem as marcas do tempo;
E os confortam as lembranças.
E atenuam o futuro;
Dos homens; - o seu destino-.
Pois, como eles, perdem o brilho;
E desta forma, elas secam;
Empalidecem e morrem...
Mas, só aparentemente;
Pois, é uma estação do ano.
Logo, de volta, aparecem;
As verdes folhas, as cores.
Novos ramos nascerão
E elas viverão de novo...
Vida, que pra ‘aqueles velhos
É uma pálida lembrança.
Pois não revivem os anos.
E alguns nem tornarão ver;
O resplendor da aurora.
Cedendo, assim, seu lugar;
Para outros que virão
No cair de toda tarde;
Quando um deles vai-se embora;
Após mais um pôr-do-sol...
Irinaldo d’Araújo
18/09/09