A VIDA EM DOIS TEMPOS
A VIDA EM DOIS TEMPOS
A gente passa o tempo
que passa à ferro nossas rugas existenciais.
A gente se olha no espelho
que nos mostra o desespero que o tempo faz.
A gente se deita na cama
que silencia intrépida, as loucuras a dois que a gente faz.
A gente brinda o amor com vinho fino em taça de cristal
que nos diz do vinagre da vida quando ele se desfaz.
A gente, quando a criança nasce, é só sorriso
que não nos diz do choro quando morre quem queremos mais.
A gente se entrosa, o teste está no beijo
que não diz pros lábios, quando fugires, o lugar por onde vais.
A gente deseja ardente, aperta forte com os braços
que nos dizem não servirem quando o amor se desfaz.
A gente firma o amor no ritual do fixo olhar
que nos deixa sós no trajeto do desamor...
CARLOS SENA