Para onde vão os Poetas mortos?...

Para onde vão os Poetas mortos?

Certamente ficam piscando atrás das estrelas

Ou brincando de escorregador nos raios do luar...

Se aqui espalharam beleza, certamente,

Do outro lado, não irão parar...

Serão aquelas vozes mudas que, imperiosamente,

Dentro de nós dizem:

- Escreve!...

E, enquanto não escrevemos sua presença não sai do nosso lado!

Depois se afastam, com pés forrados de veludo...

E vão cumprir outra Missão...

Certamente ficam como Anjos brincalhões ou mais sisudos,

Conforme foram aqui,

Mas não nos deixam perder a inspiração...

Se as lágrimas caem pelo teclado,

Eles as recolhem

E como “bolinhas de gude”,

Ou “bolitas”

Vão atirando devagar aos nossos dedos

E dizem: -“Escreve... Produz!...

Eu escrevo agora em outras pradarias,

Mas tuas mãos ainda estão cheias de luz!”

- “Não pára de escrever...”

Voa no vento, atinge o cume das montanhas,

Descobre o centro da terra, vai à lua!...

E sorri de sua liberdade inesperada

Onde, qual criança que saiu de um longo castigo,

Volta a brincar...

Se gostas de tua mesa arrumada

É bem possível que passe por aí

E se agarrando firme a um pé de vento,

Bagunce tuas coisas, tirando do lugar...

Ou ao contrário, se gostas da bagunça,

Arruma, deixando seu rastro luminoso

E te diz: - “Vai trabalhar!...

Há muitos versos para ser escritos!”

E se vai, deslizando num raio de luar...

Pálida e terna a lua te sorri...

De repente, uma chuva de estrelas,

Cai em teu coração! Ele está ali:

O mesmo amigo, o mesmo companheiro...

Só tu que não o vês...

Descobres então uma velha caneta de tinteiro,

Que nem te lembravas que ainda existia

E um pergaminho...

E tuas mãos deslizam rápidas pelo papel...

Sai um soneto...

E ele, sem que vejas, te sorri!... E diz:

- “Minha missão cumpri...”

ESPERANÇA
Enviado por ESPERANÇA em 07/09/2009
Código do texto: T1796806
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