Ciladas

I

Encilho a montaria

e me preparo

para transpor

os limites do acaso.

O destino é certo

ou mutável?

Não importa

ao cavaleiro destreza sobra

e não há caminhos

sem percalços.

I I

Já no alto da montanha

extenuado me sentei

mas o que vi não foi

o encanto

da paisagem que se descortinava

como fio inesgotável

de um belo novelo mágico.

Preso ao meu feito

de a montanha ter galgado

desprezei recomendações

e saciado meu ego

adormeci embriagado.

III

Uma lufada de vento

derreava os arbustos

e açoitava o cavalo

que assustado se soltou

e varreu o espaço

com o seu galope ágil.

Acordei sobressaltado

tendo à frente o paraíso

que só agora notava.

IV

Já extasiado da beleza

voltei à realidade

e tencionei retornar.

Foi então que me lembrei

de que trilhas não demarcara.

Mas afoito quanto ingênuo

(o instinto guiaria os meus passos)

vi-me perdido na planície

que abria as suas asas

numa imprevisível cilada.

V

Resgatado com vida

com as vicissitudes

aprendi nada

e teimoso cavaleiro

planejo novas jornadas.

Mário Massari
Enviado por Mário Massari em 07/09/2009
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