CICLOS E CICLONES
Quis a ternura de mãos abertas
De braços estendidos para oferecer...
Mas teus punhos se cerraram
Ao redor dos meus sonhos
E com pancadas violentas
Profanaste o nosso passado
E assassinas-te, no presente,
Nossa promessa de futuro
Ainda é noite e, apesar do escuro,
Posso ver o ódio iluminando teu rosto
E sentir, em palavras duras,
O gosto amargo da humilhação e dor
Transformando em heresia, hoje,
O que ontem chamou de amor
Regando veneno em nosso jardim,
Matando as cores de um botão em flor...
Mas nada escapa ao paciente tempo
Que se encarrega de reciclar
Tudo que é vida, tudo transforma
Num novo ciclo ao se completar...
Nascer de novo, rever o sol,
Sentir o cheiro da terra, o vento,
Criar raízes, se estruturar,
Brotar a flor, virar botão
Desabrochar e perfumar...