ESPERANÇA
Em que ponto da jornada morreu a esperança?
Vi fragmentos dela ao longo do caminho
mas eles se perderam como fina poeira
e deixaram a angústia reinar em absoluta tirania
Desamor, violência, desprezo, angústias, dores,
corrupção na política brasileira, o povo descrente,
ah, como poderia sobreviver a esperança no caos?
Oh, alguém sabe exatamente onde a esperança pereceu?
Impossível colar pedaços da esperança perdida
a brisa se encarregou de levá-los às montanhas,
aos vales, aos oceanos, e eles se dissiparam
à guisa de água evaporada rumo às nuvens
Podemos nós viver sem um fio de esperança na alma?
Se todos os valores humanos cultuados outrora
foram jogados à lama, era ela o único elo de sôfrego
anseio ainda latejando no recôndito dos homens
Mas tudo parece ter contribuído para o fim,
o último suspiro da esperança não se fez ouvir
em meio à caminhada da existência...calou-se
o lampejo tênue do fio que sustinha os sonhos humanos
Voltar no tempo para catar os milhões de átomos
em que se transformou a morta esperança, incongruência,
quando a poeira se espalha na pradaria não, nunca,
não é mais possível agarrar o vento que rápido se foi
Onde, por favor, onde, em que espaço da trilha humana
pisoteamos o que ainda restava da parca esperança?