Encontro com a sabedoria
=Encontro com a sabedoria=
Em pintura,
Retratei a minha vida.
Usei tintas imaginárias,
De colorido sem igual.
Desprezei o preto e o branco.
Eram tinturas, sem graça e razão,
Não deveriam contrastar com o belo.
No salão nobre
Pendurei a tela.
A cada olhar observador
O retrato se desfazia
Apontavam as falhas do artista.
A escolha errada do pincel, da tinta.
Entristeci-me.
Junto as minhas frustrações
Voltei ao atelier.
Com o preto e o branco,
Outro quadro pintei.
Traços fortes,
Formas indefinidas.
Pronto o quadro, na galeria da vaidade, eu o expus.
Ao lado, eu sorria.
Acreditava piamente no sucesso.
Mais uma vez,
Fora pela observância repudiado.
Passara ao longe daquele monstro
Pintado.
Atirei ao chão a tela.
Com uma dor desvairada, do orgulho,
Eu e a minha solidão
Sobre ela debruçamos.
Olhar fixo, sem entendimento,
Gritava ao vento...
“Olhem, vejam, por favor, tenham dó!”
Veio-me a dura realidade.
Com a artista, Dona Vida, deveria eu aprender.
Peguei todas as tintas, sonhos,
Em forma de aquarela
E com lindas cores pintei outra tela.
Chorei, chorei e chorei.
Minhas lágrimas em preto e branco
Mancharam a minha obra.
Que susto!
Ao ver o resultado.
Expor, não mais precisei.
Ao lado dela, muita gente estava.
Só então compreendi:
É a mistura que nos amadurece,
Que nos transforma em verdadeiros pintores da vida
E hoje, fiz as pazes com a felicidade.
Tonho Tavares