Epístola de Clarice
Quando de sua inocência
Quando de sua inocência
Cria que o arco-íris fosse o desenho do céu.
Pensava que as nuvens adocicavam a imensidão azul.
E do mar, seu sabor salgado,
Nascia do brilho das estrelas que caiam
E transformavam-se em pequenos pedaços do oceano.
A lua namorava o sol
O beija-flor namorava a margarida
E a praia, a água.
Quando de sua visão
Percebia a beleza do beijo eterno entre a borboleta e crisálida
Imaginava que o carinho de seus conhecidos fossem eternos nas pinturas e desenhos tolos -
Como mãe gigante próxima a casa ínfima de cor translúcida.
O laranja-dourado unido com o verde-giz criavada aurora o rosa-solar.
E o infinito poder-se-ia duplicar, triplicar
Cabendo, ainda, na palma desua leve mão.
Quando de sua magia
Enfrentou perigos inigualáveis
Monstros televisivos,
Gatunos macabros,
E o pior, ela adulta.
Quando de sua vivência
Aprendia a sofrer
Pintava-se um sorriso
Com lágrimas abafadas por trás do opaco dos olhos
Descobria-se que os namoros não durariam para sempre
Que o infinito era grande demais para dominá-lo
E as suas "tolices" não passariam de passado.
A vivência não apenas apagava,
Crescia-se em sabedoria.
Entedimento e novidades desvendadas.
E as paixões apareciam.
Quando de sua loucura
Embedou-se de infância
Transitou-se pela maturidade
E notou que a vida é um mister de nada,
De tudo.
Um mister daquilo que acreditava,
Daquilo que aprendera.
Um mister de guerreiro
Um mister de inimigo.
Um mister dela.